Igreja de Santa Marinha (Matriz)
“A paróquia de Santa Marinha de Nespereira, cuja igreja fora metade de fidalgos e metade do rei (vindo D. Sancho I a doar essa sua metade a um deles (…), em 1189) continha honras numerosas” (Grande Encicolpédia Portuguesa e Brasileira, vol. XXIX 1945. P. 157).A existência da Igreja de Santa Marinha é muito anterior à data acima mencionada. É multi-secular e, e ao longo de todos os tempos presidiu aos destinos religiosos da paróquia. A mesma foi demolida em grande parte da sua construção, já meio arruinada e disforme, por altura da primeira metade do séc. XVIII.
Em 1743 elaborou-se um contrato de reconstrução. No entanto este não foi cumprido, nem a obra executada. O facto ocasionou a assinatura de novo contrato em 1745. Este e a decorrente reedificação implicaram várias e importantes alterações, porém “conservar-se-iam os três altares da antiga, com mesas de pedra branca lavrada”. (Costa, 1992, p.651) .
O interior da Igreja matriz é rico quer em espólio quer em arte. “Do património artístico, guarda a paróquia uma cruz românica de ferro, talvez do século XIV, de pontas florenciadas, com Cristo de cabeça levemente inclinada sobre o ombro esquerdo. (…) Possuí também um custódia renascença, com ócolo flanqueado por dois pares de colunelos e quatro tintinábulos pendentes da cúpula. A antiga imagem da padroeira, de pedra ançã do século XV para XVI, preside num nicho sob o fecho da empana, ao largo fronteiro à entrada” (Costa, 1979, p.388).
Manteve-se o púlpito de madeira em talha com painéis laterais e cornija dórica, que “avançaria 4 palmos fora da parede, com o seu cachorro” (Costa, 1992, p. 651).
Pode ainda se visto no interior do templo, outras relíquias valiosas: “parece ser da renascença tardia o belo sacrário de talha, em forma de templete, e o painel pintado a óleo num altar lateral, de boa execução, distribuído em 15 quadros incluídos dentro de um círculo. Representam cenas da vida de Nossa Senhora, desde a anunciação à coroação no céu, em volta de outro maior, ovalado, ao centro, com Nossa Senhora entregando o escapulário a S. Domingos” (IBID., pp. 651-652).
Nesse mesmo altar se venera hoje a imagem de Nossa Senhora de Fátima, aí colocada em 1965.
Faz também parte do espólio artístico desta igreja uma antiga e bela imagem de Nossa Senhora da Conceição que é uma “escultura perfeitamente acabada, ainda com influências sub-renascentistas” (Costa, 1984, p.427), ocupando actualmente o nicho lateral da direita do altar-mor e , noutros tempos um altar lateral da Igreja, “depois de D. João V, no começo do seu reinado, haver recomendado aos párocos das matrizes a intensificação do seu culto.” (Ibidem).
Outra relíquia do passado é uma imagem de Nossa Senhora do Rosário “de cerca de 1 metro de altura, esculpida em madeira policromada, acha-se retirada do culto na casa paroquial” (IBIDEM., p. 428), e que foi madrinha de baptismo de alguns paroquianos.
De destacar os que contribuíram para a carpintaria e construção dos altares de talha, o Sr. Joaquim Brito e Antero de Brito, seu filho, tendo sido seguidos nesta arte de restauro o Sr. Joaquim de Almeida Semblano (restaurou os altares de nossa Senhora de Fátima e da sanefa do arco em madeira da Igreja, assim como outros monumentos da região e do país).